28/09/2011

Poesias do Rio Grande Gaúcho.

AMIGOS ETERNOS
Adenir Paz da Silva

Encilhei um mate a capricho e me perdi na estrada das lembranças,
sempre acompanhado dos meus amigos que por esta estrada passaram.
E que recordações bagualas e macanudas! Algumas me fazem sorrir baixinho,
pois me lembro dos momentos e das tertulias saudosas que tivemos.

É nesta campereada que faço, perdido em recordações,
que reponto momentos mágicos, que passei na minha vida.
Muitos são bem antigos, mas que não me fogem ao controle de minha
memória pois estou sempre a repontá-los arrodeado de amigos.

Mas hoje esta campereada não está completa.
Sobra tristeza e falta gente neste reponte.
Como se essas pessoas amigas tivesse se perdido, no horizonte,
dessas tardes morenas que só Deus sabe pintar.

Conto, um a um, esses indios guapos, amigos, que passaram
na tropeada deste meu viver, e vejo com amargura
que muitos deles ficaram pelo caminho, deixaram de andar comigo,
de charlear, cantar, matear, sorrir, de tocar, de falar do nosso Rio Grande.
Foram embora - morar em outras plagas, distantes,
onde um dia deverei passar.

Continuo mateando, com olhos perdidos
lembrando os amigos que um dia se foram.
Nesta tarde morena, mateio solito,
no meu peito há um grito tentando sair,
mas consigo retê-lo ouvindo o silencio,
que como sinuelo vem no findar do dia.
Me olho nos olhos e não olho a alegria
pois vejo a distancia um amigo partir.

A noite vem vindo e com o manto cobrindo esta tarde morena -
com jeito de dona, que trás na garupa um toque de cordeona -
Ah! É cordeona do Pedro que foi hoje cedo montado em uma brisa,
para o céu do Rio Grande.

Continuo mateando, com olhos perdidos -
lembrando os amigos que um dia se foram.